Pit Passarell é uma figura carismática no rock/metal nacional. Argentino de nascença, fez sua história mesmo na música brasileira, a partir de meados dos anos 1980. Na época, em São Paulo, ajudou a fundar o Viper, com o irmão Yves, além de Felipe Machado e Andre Matos. O grupo tornou-se um dos pioneiros dessa vertente pesada no país.
Agora, 35 anos depois, está apresentando singles do que será seu debute solo. O mais recente saiu nesta sexta-feira (21). Seus Olhos é um rock pop honesto, bem feito e cativante. Aliás, essa é a pegada geral do álbum, intitulado Praticamente Nada. O lançamento do trabalho acontece dia 28 deste mês, via Wikimetal (físico/digital).
Demorada ou não, a estreia solo tomará a pandemia. Passarell garante que não enrolou no ponto. “O disco foi gravado há muito tempo, em 2005, mas as gravadoras atravessavam uma época de crise”, explica.
Antes de Seus Olhos, o público já teve a chance de conhecer O Mundo e Que Seja Eterno o Nosso Amor. Algumas das canções, como O Mundo, têm nomes familiares. Isso porque outros artistas gravaram tais composições – o mais conhecido é o Capital Inicial, que aproveitou diversas das canetadas do roqueiro argentino-brasileiro. “Respeito as versões feitas, mas lógico que as minhas são melhores [risos]”, brinca.
Não há uma homenagem a Andre Matos, morto em 2019. “Esse trabalho foi gravado quando ele estava vivo”, diz. Porém, isso não impede uma tirada de chapéu particular: “Quero dedicar um grande abraço e um grande salve ao Andre Matos. De certo modo, se ele não está nesse disco, musicalmente, está dentro de todos nós.”
SOLO x VIPER
O inevitável emparelhamento entre Praticamente Nada e Viper mostra mais contrastes que semelhanças. Na verdade, o único parentesco fica pelo disco Tem Pra Todo Mundo, de 1996. Se na trajetória da banda aquele trabalho foi como o caroço da azeitona na empada, em seu debute solo, Pit Passarell acertou em cheio.
É uma questão de contexto. Em um ambiente novo, próprio e bem diferente, o brilho da afiada veia de compositor ganha polimento. O cara sabe escrever ótimas canções de pop rock. Essa competência só precisa estar ajustada num esquema adequado – neste caso, um disco fora do Viper.
De qualquer forma, agora Pit Passarell tem mais uma caminhada para se dedicar. “Que nem o Julius, de Todo Mundo Odeia o Chris“, evoca o seriado da TV. “A Rochelle fala: ‘Meu marido tem dois empregos!’… O Pit tem dois empregos!”, gargalha.
E é nesse clima divertido que Pit Passarell se apoia para o lançamento de Praticamente Nada e o que vier no tal novo normal. “Assim que terminar essa pandemia, tenho certeza que vocês irão adorar o show que faremos!”
Fotos: Jo Capusso