Gentle Savage: doces e perigosos, gentis e selvagens

Gentle Savage é uma novidade animadora vinda da Finlândia. Faz um rock robusto, direto, com passagens fotogênicas. Ao mesmo tempo, dá para perceber influências longe do que seria a praia óbvia deles. O quinteto é formado por Jay B (bateria), Vance Bead (baixo), Tim O’Shore (guitarra), Theo van Boom (teclado) e Tornado Bearstone (vocal e guitarra).

Midnight Waylay, seu disco de estreia, veio com tudo. Saiu em 2021 e recentemente ganhou a versão streaming. Confira o clipe de uma das faixas, Personal Hades, ao final da entrevista.

O papo que bati foi com Tornado, um cara experiente, gente boa e que mostrou qualidade como produtor (a álbum ficou sob seus cuidados). Ele é o boa-pinta de chapéu aí, da foto.

Midnight Waylay soa como uma trilha sonora para os dois últimos anos no mundo em que vivemos. Você considera Gentle Savage uma banda otimista ou realista?
Acho o Gentle Savage, por um lado, uma banda otimista e por outro, uma banda bem realista. Isso significa que aceitamos a vida em todas as suas cores. Estamos próximos do ideal ingênuo de paz e amor, mas também do lado em que as pessoas vivem na miséria, lutando para sobreviver dia a dia. Se tiver que optar por somente uma definição, essa seria a de realista.

Quanto Hades, tratado na música Personal Hades, e a pandemia têm em comum?
Hades poderia ser visto como uma metáfora para a pandemia, já que é o submundo, e o Rei de Hades, é o Deus dos Mortos. Em Personal Hades, Hades se refere ao estado de espírito que temos quando parece não haver mais saída em uma determinada situação e só há trevas por todos os lados.

O álbum seria diferente se vocês tivessem composto as músicas agora, depois dos ataques da Rússia e toda a guerra de merda que eles estão causando na Ucrânia?
Acho que não seria muito diferente. Provavelmente, uma música sobre guerra seria incluída no repertório. Na verdade, há uma música assim já composta. Vamos ver se entra no próximo álbum…

Faixas como Personal HadesLivin’ It Up e Carry the Fire mostram a pluralidade de Midnight Waylay. Você consegue visualizar uma identidade da banda?
Ah, caramba, isso é complicado! Nossas músicas são bastante variadas. Somos dinâmicos e orgânicos, doces e perigosos, gentis e selvagens.

Você fez um ótimo trabalho com a produção. O resultado me lembra produtores como Mikael Nord Andersson e Andy Sneap. Qual foi a sua ideia para o som do álbum?
Obrigado! A ideia foi, antes de tudo, aproveitar ao máximo os instrumentos do estúdio para que soassem reais e vivos. Sem muito processamento, no início. Depois de gravarmos os vocais, cada música ficou com uma característica própria. Então, demos ao nosso engenheiro de mixagem, Jesse Vainio, umas orientações sobre a paisagem sonora. Falávamos: “Essa faixa precisa de bastante ‘perigo’” ou “essa precisa ser clara como o céu até a parte B”, e assim por diante.

Jesse tem opiniões de artista. Não é só o “cara que mixa” as músicas. Raramente conversávamos sobre frequências, delays ou outras coisas de estúdio. Durante o processo de mixagem, ele foi como um sexto membro da banda. Rolou bem fácil, na verdade. Entendemos as ideias um do outro perfeitamente. Geralmente fazíamos de duas a três rodadas de audição para cada faixa, antes da mixagem final e da masterização.

Por que ouço algo do pop rock dos anos 1980 em algumas músicas do Gentle Savage?
Bem, eu escutava todos os tipos de música enquanto ia construindo meu DNA musical. Então, acho que tem a ver com essa quantidade absorvida de uma grande variedade de estilos. Isso fez as músicas saírem do jeito que saíram. Não consigo ver outra razão.

Você já encontrou alguém que tenha se surpreendido pelo fato de o Gentle Savage não ser uma banda de metal gótico ou de metal sinfônico?
[Risos] Boa pergunta! Encontrei: você! Bem, se quiséssemos ter sucesso muito rápido, definitivamente, deveríamos ter ido na direção do gótico ou metal sinfônico. Mas não é a nossa. Somos uma banda de rock fazendo o que queremos fazer, e isso significa estarmos em algum ponto entre o rock, o hard rock e o heavy rock – talvez até com um pouco de metal.

Vi em sua página do Facebook o curioso “aquecimento vocal estilo finlandês”. Acho que você teria problemas vocais no Brasil, já que o clima aqui é exatamente o oposto da Finlândia.
[gargalha] Outra boa pergunta! Hum… Na verdade, meus amigos brasileiros da ForMusic prometeram alugar um ônibus de turnê que tenha uma banheira de gelo para mim. Então, não terei problema.

Foto: Divulgação

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