Sepultura: o pré-caos de música, letra e visual

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Schizophrenia, de 1987, é o segundo disco de estúdio do Sepultura, último pela Cogumelo Records. Também marcou a entrada do guitarrista Andreas Kisser e, assim, o nascimento da formação que se consagraria mundo afora, com Max Cavalera (vocal, guitarra), Paulo Xisto Jr. (baixo) e Igor Cavalera (bateria).

O quarteto andava com moral alta em sua gravadora, tanto que a Cogumelo deu liberdade total para a definição da parte gráfica – desde a tipografia à escolha das fotos. Dessa maneira, puderam direcionar a arte que ilustraria a capa, feita por Ibsen. Ele é irmão de Pat Pereira, dona do selo junto com o marido, João Eduardo.

Max Cavalera conta em sua autobiografia, My Bloody Roots (Agir, 2013), que a banda queria “um espelho quebrado e um sujeito numa camisa de força”. A intenção, naturalmente, era linkar a arte com o conceito do título, Schizophrenia, surgido depois de um aceno do passado. “Alguém tinha me dito, muito tempo antes, que eu era esquizofrênico – embora não estivesse falando sério”, escreve o guitarrista e vocalista. “Aquilo me veio do nada, enquanto tentava encontrar um título para o álbum. Pensei: ‘Esse nome é maneiro, vamos criar um conceito a partir dele’.”

Em 2017, Andreas Kisser me contou em uma entrevista que o resultado final não os convenceu de imediato. Entretanto, por questão de prazo apertado, a arte foi mantida. “Não tivemos muito como mudar”, contou. “Ficamos meio descontentes na época, mas acabou se tornando uma capa icônica, original e diferente. Representou, e representa, bem o que é aquele disco: é esquizofrenia, é atirando para todo lado, é um pré-caos de música, letra e visual.”

Não se pode negar a particularidade do azul claro predominante. De discreto, não tem nada. Destoa da praxe carregada do death/thrash metal, repleta de preto, vermelho e tons escuros. Com Schizophrenia, o grupo fugiu do óbvio. E ainda que as pinceladas sejam quase naïf, a arte, em geral, virou uma marca do álbum. 

“Nós estávamos um pouco à frente do tempo, saindo daquela coisa do preto, do logo que ninguém sabe decifrar”, arrematou Andreas Kisser em 2017, ocasião em que o disco ganhou relançamento especial em vinil. “Mostramos cor e possibilidades diferentes para o thrash metal. Então, tenho muito orgulho dessa capa.”

Banda: Sepultura
Disco: 
Schizophrenia
Produção: Sepultura e Tarso Senra
Arte: Ibsen
Gravadora: 
Cogumelo Records
Ano: 
1987

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