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Editors: “Somos superestimados em alguns quesitos”, diz baterista

A novidade mais suculenta do Editors é a coletânea Black Gold, uma novidade que já tem alguns meses. Mas o prazo de validade por trás desse material está longe de expirar. É uma compilação feita com sensibilidade e que ilustra fielmente a imagem sonora que esses britânicos construíram ao longo de 18 anos.

Pra quem os acompanha desde sempre, saiu na medida. Aliás, na medida certa, já que há três inéditas maravilhosas. Canções que são o antiencheção de linguiça, pois têm força, fibra e alma. A edição deluxe traz ainda um o disco extra Distance: The Acoustic Recordings, com oito regravações acústicas.

Quem nos falou sobre o assunto foi o baterista Ed Lay. Só pra constar, além dele, compõem o time Tom Smith (vocal, guitarra), Russell Leetch (baixo), Justin Lockey (guitarra) e Elliott Williams (teclado). A formação mantém-se a mesma desde 2012.

Black Gold nos dá uma boa ideia da jornada criativa que vocês vêm percorrendo desde o início. Quando ouvi as inéditas, me pareceu que o Editors finalmente encontrou sua verdadeira química com a atual formação.
Esta é uma bela visão da coisa! Acho que temos estado excepcionalmente criativos desde que Justin e Elliott se juntaram à banda, em 2012. Temos explorado um monte de caminhos musicais. E essas faixas novas sintetizam tudo isso de uma forma que funciona bem, quando consideramos o contexto de um catálogo de quase 20 de trabalho.

Há um quê meio sombrio por trás dos álbuns que vocês lançaram desde 2012. Quais têm sido suas principais fontes de inspiração nestes últimos anos?
Sempre houve algo sombrio em nossa música, desde o princípio, com nosso álbum The Back Room. A combinação alegria/tristeza nos interessa. Não acredito que já tenhamos escrito uma canção extremamente positiva. O embate entre ambas as emoções é o que gera nossa faísca.

Esse quê sombrio me lembra coisas do Black Sabbath. Considerando que vocês também são de Birmingham, o que há nessa cidade que faz algumas de suas bandas de rock soarem um tanto sombrias?
Birmingham é cheia de ótimas pessoas. É uma cidade bastante subestimada e vista como feia pelos visitantes. Porém, as pessoas que vivem lá não têm problemas com isso. Elas conseguem deixar de lado essa encheção de saco a seu respeito e de sua cidade, e sentir um imenso orgulho, ainda que de forma silenciosa.

15 anos são uma longa estrada. Como vocês lidam com longevidade na banda?
Bem, sempre tentamos encontrar novas direções musicais à medida que viajamos por nossa carreira. Isso ajuda a nos manter interessados. Além disso, é claro que somos grandes amigos e curtimos a companhia uns dos outros, especialmente na estrada. No entanto, todos temos vida fora da banda, e esse tempo à parte igualmente importante para nos manter sãos e motivados para o trabalho. E teremos bastante disso nas próximas semanas!

Falando da edição deluxe de Black Gold, por que versões acústicas como bônus? Por que não algo ao vivo “elétrico”, já que o Editors ainda não tem um disco assim?
Sempre nos perguntam sobre gravar um álbum ao vivo completo. Uma das razões pelas quais ainda não o fizemos é que ir a um show e tê-lo como um momento único é algo realmente especial e exclusivo. Pra mim, um disco diminuiria esse sentimento quando fosse ouvir o show novamente. De qualquer maneira, há diversos bootlegs por aí para que as pessoas possam adquirir, se isso for o seu esquema!

Num momento em que o formato álbum está desaparecendo, lançar uma coletânea de sucessos significa o fim de um ciclo, ou pretendem continuar lançando discos?
O Editors é uma banda de álbuns. Talvez este seja um hábito old school, mas é assim que nos sentimos, assim que nos encaixamos na coisa toda.

O Editors é uma banda subestimada?
Você poderia dizer que somos superestimados em alguns quesitos. Não sou a pessoa a quem perguntar… O que eu diria é que todo artista deve ter a oportunidade de ser ouvido, se possível. Sei que isso é difícil devido ao grande volume de músicas e artistas por aí. Mas temos muita sorte por nossas músicas estarem sendo ouvidas há quase 20 anos e por ainda haver pessoas interessadas na gente ao redor do mundo.

Foto: Rahi Rezvani