Fui surpreendido pela notícia de que os irmãos Cavalera regravaram o Schizophrenia (imagem). Bem, acho que “surpresa” não exprime a força exata do que senti. Talvez “pasmo” soe mais certeiro.
Esse já é o terceiro disco do Sepultura que Max e Iggor regravam, em pouco tempo. Claro que eles podem se meter no projeto que quiserem. Não é este o ponto aqui.
Pra mim, isso tem outra conotação. Parece recalque profundo de quem jamais superou a própria decisão. O mais sacal é que essas revisitas costumam vir acompanhadas de alfinetadas contra os ex-companheiros – depois de quase 30 anos, isso cansa.
Penso que essa rusga saia mais do Max que do Iggor. Desde que se desligou do Sepultura, a postura do baterista é mais discreta, na dele.
Ao contrário do irmão, Max adora jogar uma merda no ventilador da banda. O curioso é vê-lo se posicionar como quem não quer mais saber de Sepultura.
Então, quando surgem essas turnês dos Cavalera dedicadas a álbuns inteiros do Sepultura ou essas regravações, hoje sinto vergonha alheia. Parece aquela coisa da criança que faz chilique porque não quer o salgadinho que ganhou, mas come o pacote até o final, sem deixar nem farelo.
Minha leitura é a de que Max tomou uma atitude radical ao sair do Sepultura, em 1997, e depois viu que fez cagada. Porém, o orgulho, ou algo assim, o impede de acertar as pontas. Isso deve gerar uma angústia tremenda.
Em um show mais ou menos recente, Max exibiu um cartaz com os dizeres: “No Cavalera, no Sepultura”. Tá no YouTube. A frase virou a palavra de ordem dos haters.
O fato é que Andreas Kisser e Paulo Xisto seguiram adiante. Em vez do recalque, reorganizaram o Sepultura. Não foi fácil, pois lidaram com outras mudanças de integrantes. E reaquecer a química leva tempo. Mesmo assim, continuaram em frente e com alguns excelentes álbuns, sim – por exemplo, os dois últimos.
Max e Iggor fizeram coisas muito boas com o Cavalera Conspiracy. Uma pena terem deixado o novo de lado pra se agarrarem a um passado que não volta nem se reescreve.