Como grande fã de Thin Lizzy, tive a alegria de entrevistar todos os guitarristas principais. De Eric Bell a John Sykes, todos. Isso inclui o incrível Gary Moore, dono de um estilo firme, virtuose (sem ser fritador) e de muito feeling.
Sua contribuição para a discografia da banda irlandesa foi modesta no volume, porém, fantástica na qualidade. Só para citar algumas músicas, o blues Still in Love with You e Little Darling, dona de um maravilhoso e inspirador solo de guitarra. As duas, de 1974, da primeira passagem de Moore.
Já da segunda temporada, posso citar o disco Black Rose (1979) inteiro. É uma obra completa, de alto nível rocker e, para mim, o derradeiro excelente registro do grupo. Fora isso, fez uma ponta aqui e outra acolá, como nos shows de despedida que entraram para o ao vivo Live/Life (1983).
Embora não seja Thin Lizzy, também preciso destacar o último ato da irmandade Moore-Lynott. Em 1985, Lynott marcou presença no disco Run for Cover, de Moore, um dos pontos altos do hard rock oitentista. O material foi gravado e lançado meses antes da morte do baixista (janeiro de 1986) e deixou o clássico Out in the Fields. Um brinde final dessa parceria ímpar.
Mas Gary Moore era um talento de vida própria. Não cabia em uma banda, além da sua. Mesmo tendo se envolvido com uma série de projetos ao longo da carreira, sua discografia solo detém seu maior tesouro. Embora seja um nome influente no rock, o guitarrista se via como um blueseiro. Dá para compreendê-lo, especialmente se você ouvir seus trabalhos dedicados ao estilo (que vão muito além do hit Still Got the Blues, de 1990).
Do blues rock ao raiz, sua veia fervente como guitarrista sempre imprimiu uma marca singular na forma de tocar. Uma genuína assinatura. Mesmo após tantos anos de carreira, a chama mantinha-se acesa. Álbuns como Close as You Get (2007) e Bad for You Baby (2008) nos garantem que sim. Foi para falar deste último que descolei uma entrevista com Gary Moore, em 2009, para a Guitar Player.
O resto, quem sabe, eu conto num livro.
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